segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Happy Valentines Day!

Então, só passando para desejar um bom dia dos namorados (que é hoje no resto do mundo e em 12 de junho no Brasil) e pra repassar este vídeo MUITO foda que todo mundo está postando por ae (inclusive Edgar Wright! *-*)


Também relembramos hoje o aniversário do meu ídolo Simon Pegg, que completa hoje seus 41 aninhos! Parabéns, mestre, que você viva muito mais e continue nos fazendo felizes com seu talento!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

127 Horas (127 Hours) - Por Alyson Xyzyz


Análise por Alyson Xyzyz

A cada segundo da rodagem de “127 horas” me despertava uma forte alusão aos diretores Sean Penn e Darren Aronofsky. Imaginei o primeiro realmente dando vida ao ambiente dentro do personagem, como fez com Christopher McCandless em Na Natureza Selvagem e pus na ideia Aronofsky pegando as ilusões de Aron e de fato as colocando a fundo como fez com Sara Goldfarb em Requiem para um Sonho. Porém, não despertou a vontade de ter outro diretor para nos mostrar o dom de infundir seu material com uma energia vibrante e de manter o interesse narrativo através da imagem como faz Danny Boyle. Uma pena oscilar como o deserto, tendo sua imagem a 50°C e sua subjetividade a 0°C.
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127 horas, então, parece ser a combinação perfeita de desafiar o material e os recursos de Boyle que traz uma história de vida com sua abordagem que abre leques a uma profundidade nunca infusa. Danny sempre foi um cineasta vistoso tendo sua própria tendência, mas sua narrativa sempre apresenta a dificuldade de chegar à complexidade que as cenas materialmente aparentam ter. O roteiro de “127 horas” sofre de problemas bem semelhantes ao de Quem quer ser um Milionário? O texto sempre apresenta alguns elementos de situações previsíveis que geram outras ainda mais previstas e que, mesmo que seja filmada de maneira extremamente original e ao estilo visceral da câmera de Boyle, acabam tendo uma subjetividade rasa e que raramente consegue atingir o pico da abstração das cenas.
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O Objeto de Boyle é Aron Ralston (James Franco), um aventureiro de 28 anos de idade que, em 2003, estava caminhando sozinho no Blue John Canyon em Utah, quando escorregou e, posteriormente, encontrou-se no fundo de uma fenda estreita com o seu braço direito preso entre uma pedra solta e as paredes do cânion. O fato é que a maioria das pessoas já conhece o método de fuga de Aron (Aqui um exemplo de Previsão que caminha para mais momentos previsíveis) antes de qualquer coisa.

Além disso, O título do filme se refere à quantidade de tempo que ele passou naquela fenda, com pouca comida ou água, resistindo noites de frio e da crescente percepção de que ninguém estava vindo para resgatá-lo. E óbvio que essa percepção cresce para o espectador também, o que anula totalmente a seqüência“CGIzada” da chuva com efeito neutro e dispensável .
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As mesmas características podem ir para os personagens. O espectador não tem a possibilidade de apego nenhum à figura principal, que dirá as demais que passam diante da tela, sem espaço para construção e até mesmo sem coerência com o modo que um personagem se relaciona com o outro. Talvez por isso que a tentativa crucial de Aron para se libertar da pedra é somente visual e não sentimental, o que um equilíbrio entre ambos sensores poderia resultar num momento ainda mais profundo. Ainda assim, há uma tensão como nós esperávamos. Em seus raros momentos de horror, 127 Horas consegue nos prender nessa fenda com Aron e nos faz marcar os minutos e horas até chegar o inevitável. Para deixar o filme dinâmico são usadas as distrações visuais de Boyle pela maneira que ele transforma o sofrimento num estranho conto em que Aron sofre as ilusões nas chamas de sua própria mente que seu espírito transcende a vida e as pessoas com quem compartilhou momentos marcantes.
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Boyle também enfrenta o desafio principal do filme de como preencher as 127 horas, para a monotonia do aprisionamento não transformar o filme em um furo e o refúgio disso é o seu hábito visual, rejeitando a noção do tempo real em favor de uma implacável edição. Com a fotografia nas mãos de Enrique Chediak e Anthony Dod Mantle, às vezes, essa abordagem funciona perfeitamente, com as imagens distorcidas e ângulos inclinados desenhando a desidratação da mente de Aron. Em outros momentos, o filme se foca tanto nisso, que não estabelece fusão com a experiência emocional e espiritual de Aron.

Outra curiosidade é como a trilha sonora distorce determinadas situações em algumas cenas, que às vezes esmaga a ação na tela. Em certos momentos de tensão a trilha não coincide com o ato e chegamos a conclusão que visualmente e sonoramente, 127 Horas muitas vezes fica em contradição consigo mesma, competindo por nossa atenção.
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As coisas só não pioram porque Boyle tem um ator magnífico chamado James Franco, cujo desempenho como Aron fornece o coração do filme e mantém seus batimentos. Franco transmite um rapaz convencido, confiante e por isso um tanto imprudente que tem sua confiança testada ao extremo quando ele é preso. E James consegue isso com uma facilidade incrivel, ainda mais convicto em situações de entusiasmo, já que o roteiro não proporciona um drama tão profundo como poderia ter, mas ainda assim a brincadeira com a câmera simulando uma entrevista beira a genialidade.
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O que nem chega perto de ser genial é o momento mais aguardado do filme que só serve para fechar a ausência de abstração que Danny Boyle não consegue passar desde seu ultimo trabalho. Sei que o texto que acabara de ler é cheio de contradições, entre elogios e desleixos de minha parte, mas a perfeição das imagens são incontestáveis, mas se o filme tivesse mais uns dez minutos já estaria me embrulhando o estômago, algo que, numa cena com uma premissa desconcertante não acontece (que é a ultima atitude para sobreviver de Aron). Pode cansar os olhos, mas nunca atingir nosso coração.
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Chego então a conceito de que o filme de Boyle mais uma vez apresenta um cinema muito superficial, num estilo próprio incompleto, que não atende todas as necessidades de uma boa obra e que, por mais que capriche em tantos quesítos ainda falha no roteiro, que pode não ser a alma de todos os filmes, mas aqui senti a necessidade de ter a minha transportada para dentro do Cânion e ficar preso na pedra junto ao personagem.
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Nota 7,5