quarta-feira, 5 de maio de 2010

[•REC]² - Catástrofe em forma de sequência!

Pessoal, navegando pelos tópicos da FTQSDA!, me deparei com uma ótima análise do lixo celulóide chamado [•REC]², que foi lançado em fevereiro. O texto é de autoria de Bruno Martins, e com a autorização dele, vou postá-la aqui. Agora, o porquê de eu postar algo de outra pessoa ao invés de eu mesmo escrever? Simples: eu concordo totalmente com esse cara! Lembrem-se: o texto contém muitos spoilers sobre o filme, a não ser que tenha assistido ou então se não quiser saber detalhes importantes, não leia! Agora, no more enrolation, e vamo à análise:


Afinal, científico ou espiritual?

Raramente um filme de horror provoca tão fortes sensações como o que [•REC], excelente trabalho de Jaume Balagueró e Paco Plaza, provocou em seus expectadores. Falar sobre essa produção é explicar os verdadeiros métodos que para mim, fazem um filme possuir realismo e assustar mexendo de verdade com os nervos de qualquer um que o assista. Com [•REC] foi assim! Impressionei-me e muito, com as formas amadoras e técnicas utilizadas para se fazer um filme realista que fugisse totalmente dos “corretos” padrões cinematográficos presentes nos outros filmes. Uma idéia que já tinha sido utilizada, porém, não corretamente. Em [•REC] Balagueró e Plaza acertam e sugam ao extremo tudo o que esse método amador de câmera em primeira pessoa pode proporcionar de real e assustador. E deu no que deu: nervos à flor da pele.

Seria quase inevitável não haver uma seqüência. E ela veio, claro! Mas como torná-la tão significante como o seu original? Como inovar, passar sensações diferentes, acrescentar elementos importantes à trama sem comprometê-la? Como? Essas, creio eu, são perguntas que todos fazem quando se vai rodar a seqüência de um grande sucesso, e com [•REC]² não foi diferente, pois Balagueró e Plaza pensaram em tudo isso, e muito! ...Bom, na verdade, até demais!



Em [•REC]² os acontecimentos partem duas horas depois de onde parou o primeiro filme, mostrando uma equipe da SWAT entrando no edifício em quarentena na busca de sobreviventes e respostas. A abertura do filme é ótima! E anima as pessoas que no fundo, aguardam no mínimo algo que não decepcione. O desenrolar dos primeiros minutos dão sim um grande animo, pois realmente parecem que vão levar a trama pra algo bom. Mas depois dos 15 minutos, o filme começa a te levar a algo surpreendente de tão hediondo, tentando fazer você aceitar e engolir um roteiro com deslizes tão grandes chegando a ser quase ridículo.

Quem fechou e além de fechar, ainda lembrou da trinca do alçapão onde aconteceu uma das principais cenas de susto do primeiro filme? A equipe da SWAT invade um edifício manifestado por um suposto vírus e sim, também por seus infectados, andam quase pelo prédio inteiro e não deparam com nenhum deles? Pra onde eles foram? Bom, eu deduzi que depois de duas horas, eles resolveram cada um ir para seu devido apartamento e tirar umas horinhas de sono até o momento de voltarem à ação desta seqüência (E ainda, todos de uma só vez). Pois é, exemplos de erros presentes no roteiro, que incomodam, mas que não chegam nem aos pés do que a trama de [•REC]² em si nos traz.

Vamos aos fatos. Uma contaminação e epidemia gerada através de um vírus é algo que para um filme, seria uma temática pro lado “cientifico”, mesmo sendo dentro de uma trama de horror. Uma possessão demoníaca é algo totalmente diferente, que leva para um lado “espiritual” e que na maioria das vezes estão presentes nos filmes de horror tendo como seus vilões, os demônios. Se em [•REC] o principal foco da trama era um vírus, nesta seqüência tal vírus se transforma em algo inadmissível perante os padrões lógicos, tentando misturar “água e óleo” de uma forma mais do que incoerente.



A trama sofre uma gritante reviravolta que mesmo com a ainda excelente direção de Jaume e Paco, fazem os expectadores se questionarem se algum dia um demônio teria necessidade de entrar na corrente sanguínea de uma pessoa pra conseguir possuí-la. Sabe o que é mais engraçado? Mesmo com essa idéia maluca que revirou totalmente e desnecessariamente o enredo, ainda assim, eu me diverti com o filme. Pois a tensão ainda estava lá, e elementos amadores do primeiro filme também, o difícil vai ser conseguir engolir esse roteiro.

Entre acertos e erros, [•REC]² se destaca muito com seus erros. A idéia da “minicâmera” foi boa para ampliar os espaços no filme, não tendo assim, apenas uma câmera em questão (ficou parecendo o jogo “DOOM”, mas não deixou de ser uma idéia legal). Entre os erros, bom, com certeza a maioria das pessoas enxergará a incrédula forma errônea que conduziram a trama de [REC]², e além de errar depois dos 15 minutos, viajaram e muito! depois de 1 hora, inserindo mais coisas do lado sobrenatural que passou a deixar mais surreal uma trama onde o realismo antes predominava (Apague a luz e com a luz-noturna da câmera verá as trevas?). Francamente, levaram muito a sério quando pensaram em inovar e surpreender, infelizmente.

Porém, penso o seguinte. Se desde o começo levassem a trama de [•REC] para esse lado sobrenatural, além de mais assustador (pois pensei nisso e ficaria sim, além de sair um pouco dessa mesmice de vírus e seus contaminados/zumbis), se tornaria mais coerente com os fatos. A trama não trazendo um vírus como foco desde o começo, pois colocaram tanto na nossa cabeça isso no primeiro filme, talvez esta seqüência não sairia dos conformes e confesso que acharia até mais interessante tendo essa temática de manifestação demoníaca. Mas não, de um filme para outro, transformaram uma coisa em outra totalmente diferente, que ficou muito difícil de aceitar.

Admirei tanto o trabalho de Balagueró e Plaza com essa técnica amadora que vou até preferir fingir que não fizeram essa tremenda cagada. Vamos surpreender, mas vamos procurar identificar antes, como fazer isso de forma coerente e proporcional à idéia do que se já tinha começado antes. Talvez a falta de como continuar uma trama tenha gerado isso, pois “exorcizar uma amostra de sangue” demonstra como um filme pode decair se não tomar o devido cuidado ao inserir reviravoltas ou viajar demais nas suas supostas idéias inovadoras.

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Bruno F. Martins
Nota: 6.0


Após esse texto, Bruno assistiu novamente o filme, e acrescentou o seguinte post:


Acabei de ver [•REC]² pela segunda vez e...
...fiquei ainda mais incrédulo com a viagem do roteiro!

Muitos gostaram do fato da inclusão desse termo sobrenatural em algo que no primero era científico. E vendo mais uma vez, não pude conter indignação com a extrema falta de coerência! Agora falo isso, não pela mudança da "mitologia", e sim que, além disso não souberam nem utilizar a nova. =S

Possessão demoniaca é algo totalmente diferente de epidemia viral. Isso já foi falado muito aqui! Mas já que em [•REC]² foi inserido isso, nem ao menos procuraram saber o que são demônios de verdade acho. Realismo? Sim, não estou dizendo que com essa mudança, [REC]² deixou de ser realista (de certa forma) com essa nova "mitologia", o fato é que eles enfatizaram a possibilidade de um vírus demôniaco, sendo que demônios não necessitam disso pra possuir pessoas! Misturaram fatos cientificos com espiritual, e isso não existe!

A procura de um antídoto estudando uma amostra de sangue? Pelo amor de Deus! Quer um antídoto contra demônios? Bebe 2 litros de água benta e chama um ungido do espírito santo pra te exorcizar que tá tudo certo se for seguir os padrões LÓGICOS e religiosos! (sem ofensas a nenhuma religião) Agora "estudar quimicamente" pra achar cura contra demônios? Complicado. Fora a "luz x trevas" em questão que também se eu for parar pra falar vou acabar gostando menos dessa sequencia!



Melhor ter [•REC] como referência e esquecer do que veio depois!

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